O volume anual de energia eólica a ser implantado até 2030 globalmente deve quadruplicar em relação aos 93 GW instalados no ano passado para alcançar as metas de 2050. Segundo manifesto do Global Wind Energy Council, representado no Brasil pela Associação Brasileira da Energia Eólica, se as taxas de instalação atuais forem mantidas, o mundo terá apenas 43% da capacidade de energia dessa fonte ante aquela necessária para alcançar as metas de descarbonização da matriz. Assinam o documento 96 empresas e associações de toda a cadeia eólica.
“Não estamos implantando energia eólica suficiente – nem de perto rápido o suficiente ou cobrindo áreas geográficas suficientes – para concretizar esse futuro para alcançar as metas de 2050”, aponta o documento. E ainda, “sem medidas drásticas para aumentar a implantação da energia eólica, não conseguiremos descarbonizar os setores de energia, indústria, transporte, aquecimento e outros e não expandiremos significativamente a produção de hidrogênio verde”.
De acordo com os dados apresentados pelas entidades, a energia eólica conta com quase 800 GW de instalações em todo o mundo e ajuda evitar mais de 1,1 bilhão de toneladas de emissão de CO2 por ano, o equivalente ao gerado por toda a América Latina no período.
O manifesto foi lançado nesta segunda-feira, 18 de outubro, como forma de preparação para a COP 26, que neste ano ocorre na cidade de Glasgow, Escócia. As entidades apontam oito ações para orientar os legisladores a alcançar a meta de 2050.
Entre elas, estão aumentar o volume de geração eólica e refletir esse compromisso em suas NDC (contribuições nacionalmente determinadas, na sigla em inglês) por meio de planos de curto e longo prazo. De outro lado ainda, comprometer-se a eliminar de forma rápida a geração baseada em carvão.
A forma de acelerar a implementação de novas capacidades da fonte, destaca o documento, passa pelo processo de licenciamento simplificado para projetos de geração renovável. Os exemplos de demora são registrados em países como Espanha, Itália, Grécia, Suécia, Bélgica e Croácia, podendo levar mais de oito anos. No Japão, pode chegar a cinco anos, e isso para projetos onshore. Os projetos eólicos offshore geralmente requerem pelo menos seis anos.
Na avaliação do GWEC, os prazos máximos que poderiam se tornar obrigatórios para permitir usinas de energia renovável são 2 anos para projetos eólicos onshore greenfield, 3 anos para projetos eólicos offshore e 1 ano para projetos de repotenciação, com tempo adicional discricionário concedido sob extraordinário circunstâncias.
A mobilidade elétrica também faz parte do processo para a transição energética. Além disso, a precificação de carbono é outra ação que pode incentivar os países a aumentar a sua meta voluntária, criando mecanismos que reconhecem os custos sociais das emissões de gases de efeito estufa e da poluição.